Ei Palavra, mais uma vez vou
precisar usar-te. Tu que sempre chega tão mansa, em um silencio calmo,
pedindo-me que a use. Nas horas mais não oportunas da minha noite chegas,
pedindo colo. Suplicando: "Me escreve, que em troca te dou paz”. Vou
precisar usar-te para dizer tudo aquilo que não sai da boca, não por falta de
coragem, ou por medo, mas sim por falta de capacidade: não me foi ensinado
escrever com a voz, só consigo dizer com letras, algum papel e aquele
sentimento louco que me toma por completo quando consigo fazê-la sair da minha
mente, te dar vida e cor – e ao saber que és toda meu reflexo, desde a forma,
até o sentido – orgulho-me, por ter-te só minha, minha palavra.
Agora aqui estamos, no mesmo plano. Você nascida de
mim, e eu de você. Eu de carne-osso, você tinta e papel. Seja bem-vinda!
Contudo, Palavra – tome cuidado. Como seu pai preciso alertar-te sobre os
perigos do mundo aqui fora. Antes a tinha protegida no calor dos meus
pensamentos, era segura e totalmente por mim controlável. Agora, não mais:
podem traduzir-te mal, dizer coisas que você não é, podem até rir de ti! Dar-te
sentidos que nunca imaginamos que podias ter. Toma cuidado, vai – vou estar
daqui te olhando, enquanto você entra em outras mentes e se transforma ao gosto
daquele que te lê.
Mas promete uma coisa, uma única coisa? Jura que vai
manter o frescor e o carinho com que te fiz? Que vai conservar o amor das tuas
letras e o sentimento alegre que surgiu quando minhas mãos te esculpiram?
Jura?!
Ojalá tivera eu a felicidade de dar vida as palavras assim como você faz. A mim me resta observar o quão maduro e inspirado você se encontra meu jovem e querido escritor e... ler, reler, apreciar e dizer PARABÉNS!Rê
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